Apresentação

Programação

Resumos dos
trabalhos apresentados

Expediente

    

VI EDIPE: Organismos internacionais, currículo e didática


No campo da educação vão se consolidando cada vez mais processos globais de governabilidade ditados pelos organismos multilaterais conforme parâmetros do neoliberalismo. A agenda globalizada se projeta nas políticas educacionais intervindo na concepção e no formato da escola pública subordinando seus objetivos e formas de funcionamento a metas econômicas, atingindo diretamente o currículo, a didática, a organização e gestão das escolas, a formação de professores e as práticas de avaliação da aprendizagem. As reformas educacionais em âmbito mundial, mas com impactos mais acentuados nos países emergentes são, conforme análise de Pacheco e Marques (2014), demarcadas pela cultura da avaliação, da prestação de contas e da responsabilização, tendo como sustentáculo a estandardização dos resultados de aprendizagem, o que origina uma mudança no trabalho docente e no modo como a aprendizagem é valorizada no âmbito das decisões curriculares, sobretudo quando impera a lógica dos testes. Com isso, organizações internacionais como a OCDE na Europa e Banco Mundial nos países emergentes ou pobres, por meio da governabilidade curricular, definem objetivos e formas de funcionamento da educação escolar e da formação de professores com base em instrumentos de regulação apoiados em indicadores e comparações. Desse modo, a imposição cognitiva decorrente do currículo prescritivo leva à mecanização das aprendizagens e à desvalorização e intensificação do trabalho dos professores, praticamente na anulando o papel da pedagogia e da didática. Essas influências vão em sentido oposto à concepção de escola pública como  formação de sujeitos autônomos, críticos e cidadãos. Retirado da escola seu papel formativo agora reduzido à preparação ao mercado de trabalho, ficam sem segundo plano os conteúdos científicos, o desenvolvimento das formas superiores do pensamento, o processo de ensino-aprendizagem orientado para aprendizagens significativas. Desse modo, currículo e didática ficam esvaziados de seu conteúdo e do seu papel na organização escolar e no processo de ensino-aprendizagem.
O VI EDIPE propõe a discussão dessas influências na escola e no trabalho dos professores com o objetivo de trazer contribuições teóricas e práticas para reafirmar finalidades e objetivos de uma escola voltada para a formação cultural e cientifica articulada com a diversidade social e cultural e oferecer caminhos concretos visando construir um pensamento curricular e didático forte para a atuação resistente dos professores em face dos ditames da governança global neoliberal. Essa proposta parte do entendimento de que a escola pública não pode ser reduzida a um lugar de provimento de habilidades instrumentais para empregabilidade precária nem meramente de acolhimento e integração social dos pobres. A escola com qualidade educativa deve ser aquela que assegura as condições para que todos os alunos se apropriem dos saberes produzidos historicamente e, através deles, possam desenvolver-se cognitivamente, afetivamente, moralmente. Esse objetivo é crucial para a realização de ações sociais e políticas para a redução das diferenças de níveis de escolarização e educação entre os grupos sociais já que a superação das desigualdades sociais guarda estreita relação com o acesso ao conhecimento e à aprendizagem escolar.

José Carlos Libâneo
Marilza Vanessa Rosa Suanno
Sandra Limonta