ATUALIZANDO NOSSAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS

Libna Lemos Ignácio Pereira*

Liliana Souza da Silva Silveira**

 

O presente texto refere-se a um relato de experiência de Estágio Supervisionado de Prática de Ensino no Ensino Médio, do curso de Pedagogia da Faculdade de Filosofia Bernardo Sayão, da Associação Educativa Evangélica de Anápolis. O Estágio de Prática de Ensino no Ensino Médio inclui observação, vivência, regência de aulas e reflexão sobre a prática pedagógica nas escolas de formação de professores em nível de ensino médio - Técnico em Magistério, favorecendo ao acadêmico a identificação das condições fundamentais ao exercício do magistério de disciplinas pedagógicas. Permite também, pelo contato com a realidade da escola, desenvolver uma postura de comprometimento com a construção dos seus saberes e de sua identidade, refletindo sobre suas próprias ações, com fins ao amadurecimento pessoal, fundamental à atuação do educador. Outro aspecto importante que contempla o estágio é planejar e coordenar o processo ensino-aprendizagem em consonância com os objetivos da escola-campo, integrando-se no contexto escolar, tendo como apoio os conhecimentos teóricos e metodológicos já consolidados ou em elaboração.

No processo de mudança, quando tudo está em movimento, quando a atual visão do mundo conduz à interatividade, à criatividade, à autonomia, à integração, percebe-se a necessidade da análise de uma educação que sinaliza novas concepções pedagógicas em contraste com os esquemas rígidos, estanques e burocráticos da escola tradicional. Nessa medida, buscamos uma pedagogia comprometida com a evolução da vida, que poderá ajudar o educando a viver e a conviver com as mudanças nos paradigmas do conhecimento. Logo, a pedagogia atual não poderá se contentar em ser mera transmissora de conteúdo e informação, e os recursos utilizados deverão contribuir para a construção de uma atitude positiva, crítica e criativa.

(...) novas exigências educacionais pedem às universidades e cursos de formação para o magistério um professor capaz de ajustar sua didática às novas realidades da sociedade, do conhecimento, do aluno, dos diversos universos culturais, dos meios de comunicação. O novo professor precisaria, no mínimo, de uma cultura geral mais ampliada, capacidade de aprender a aprender, competência para saber agir na sala de aula, habilidades comunicativas, domínio da linguagem informacional, saber usar meios de comunicação e articular aulas com a mídia e multimídias. (Libâneo, 1998, p.10).

 

Nesta mesma perspectiva de mudança, completando a idéia de aprender a aprender, Maria Cândida Moraes afirma que a educação deve prever que os alunos precisam aprender a investigar, desenvolver a capacidade crítica de avaliar as informações; que novas metodologias devem conduzir a habilidades para produzir conhecimentos, não perdendo de vista a curiosidade e a criatividade.

(...) Com todas as transformações que estão ocorrendo no mundo, mais do que nunca é preciso aprender a viver com a incerteza. Para tanto, necessitamos desenvolver em nossos ambientes de aprendizagem a autonomia de nossas crianças e também de nossos professores, levando-os a aprender a aprender. Isso significa ter condições de refletir, analisar e tomar consciência do que sabemos, dispormo-nos a mudar os conceitos e os conhecimentos que possuímos, seja para processar novas informações, seja para substituir conceitos cultivados no passado e adquirir novos conhecimentos. (Moraes, 1997, p.144).

 

            Para que o aluno compreenda o que faz depende de que seu professor seja capaz de ajudá-lo a compreender, de como tenta motivá-lo. As relações se consolidam a medida em que o professor ajuda o educando a recuperar o que este já sabe e a prosseguir no processo da busca do conhecimento. Ao professor, cabe a utilização de estratégias diversificadas dentro dessa intenção de mediador entre o aluno e a cultura: desafiar, dirigir, propor, comparar.

Essas questões de prática educativa são muito importantes para o processo de formação de professores, sendo necessário que alunos da pedagogia vivenciem esses novos paradigmas no estágio, valorizando novas maneiras de ensinar, refletindo sobre as práticas pedagógicas existentes e a formação de professores das séries iniciais. Tendo em vista estes aspectos e a vontade de que nossos estagiários exercessem uma prática criativa na escola-campo, incorporando novos saberes e novas formas de ensinar, realizamos em regime de parceria com a Escola Estadual Professor Faustino, em Anápolis, uma semana pedagógica envolvendo todos os acadêmicos do 8º período do curso de pedagogia e todos os alunos do Curso do Magistério.

A proposta do evento surgiu com o intuito de proporcionar aos acadêmicos estagiários um maior envolvimento com a prática pedagógica, bem como uma ação direta na escola-campo por meio de palestras e oficinas diversas, buscando um envolvimento pessoal e crescimento em questões concernentes à formação de professores. Tivemos também o objetivo de que na elaboração das oficinas e palestras e no desenvolvimento das mesmas, houvesse busca e construção de conhecimento por parte dos estagiários e dos participantes.

Para os alunos do magistério fixamos os seguintes objetivos: aumentar os conhecimentos pedagógicos vinculados à prática na sala de aula; refletir sobre as práticas pedagógicas nas séries iniciais; interagir com materiais diversos nas oficinas; elaborar e apresentar atividades artísticas e pedagógicas no encerramento da Semana Pedagógica.

            Ficaram estabelecidos quatro dias consecutivos de funcionamento, de 29/09/03 a 02/10/03, em dois turnos, manhã e noite, com duração de três horas. Os alunos estagiários se envolveram na organização do evento, na divulgação do mesmo, realizaram as inscrições, prepararam as oficinas e as palestras. Ao todo tivemos participando do projeto 38 acadêmicos, que, sem contar o tempo de preparação das atividades, passaram na escola-campo 32 horas, sendo 16 horas por turno.

O tema foi escolhido pelo grupo organizador: “Atualizando nossas Práticas Pedagógicas”.

O esquema da semana foi montado da seguinte forma:

 

2ª feira

29/09

3ª feira

30/09

4ª feira

01/10

5ª feira

02/10

 

Abertura

PALESTRA

 

 

OFICINAS

 

 

OFICINAS

 

OFICINAS

Fechamento da semana.

 

            Na Abertura foi realizado um momento cultural, no qual, pela manhã, apresentou-se um grupo de dança da cidade e um musical encenado por acadêmicos da pedagogia, intitulado: “A fome do conhecimento entre as diversas fomes”. À noite outro grupo de dança, e o mesmo musical, encenado por outras acadêmicas.

            Pela manhã tivemos a palestra: “Uma conversa pedagógica sobre o papel dos professores de educação básica” pela acadêmica Viviane de Moraes. À noite a palestra: “O modelo educacional emergente”, pelo acadêmico Paulo Barbosa Júnior.

            Cada oficina foi desenvolvida e montada por um grupo de estagiários, de acordo com as suas habilidades. A mesma oficina funcionava nos três dias e os alunos do magistério se inscreveram previamente, cada dia em uma. Desta forma, cada aluno inscrito na semana pedagógica participou de uma palestra e três oficinas. As oficinas tinham a duração de três horas. Os estagiários chegavam com antecedência para preparar o ambiente. Iniciavam com base teórica e apostila para os participantes. Em seguida passavam para a parte prática, com a interação de todos os envolvidos. Foi providenciado todo material necessário para que cada oficina atingisse seus objetivos.

As oficinas:

MANHÃ – dias 30/09 e 01 e 02/10

  1. Jogos de matemática
  2.  Língua Portuguesa
  3.  Artes Cênicas
  4. Jogos Cooperativos
  5. . Fantoches
  6. Desenvolvendo habilidades: percepção, Comunicação e Convívio Social.

NOITE - dias 30/09 e 01 e 02/10

1.      Contador de histórias

2.      Jogos pedagógicos

3.      Tipos de trabalhos em grupo e dinâmicas.

4.      Movimento e expressão corporal

5.      Técnicas de chamada – alfabetização com nomes.

6.      Simetria e textura em papel.

7.      Origame

 

Houve controle de freqüência para que os alunos que participaram da Semana Pedagógica pudessem receber certificados de participação expedidos pela Associação Educativa Evangélica - AEE.

No encerramento foram apresentados trabalhos das diversas oficinas, em forma de painel e exposição, outras apresentaram teatro de fantoches e danças, como foi o caso da oficina de expressão corporal, jogos cooperativos, fantoche e contador de história. Foi dada oportunidade para que alunos e professores da escola dessem depoimentos sobre a Semana Pedagógica. Muitos elogiaram o trabalho afirmando a importância de aprender por meio de novas práticas pedagógicas, sem copiar do quadro. A coordenação da escola agradeceu a presença dos acadêmicos, dizendo: “Esta semana ficará marcada na história desta escola”. Para estes participantes ficou a conscientização de que as situações de ensino são singulares e o professor precisa construir estratégias que respondam as diferentes situações.

            Para os alunos da pedagogia os desafios e a responsabilidade da tarefa, surpreenderam as expectativas positivamente, na medida em que todos se sentiram realizados por estarem desenvolvendo ações que contribuirão para uma nova prática pedagógica na vida profissional daqueles alunos e de terem tido oportunidade de colocar em prática os conhecimentos adquiridos durante a formação acadêmica. Atividades práticas e construtivas permitem que os alunos reflitam mais sobre a prática, enriquecem suas experiências e os deixam mais seguros e motivados com a profissão professor.

            Para nós, professores orientadores, ficou marcado o fato de que o envolvimento direto na escola-campo, num projeto abrangente como uma Semana Pedagógica, reafirma a importância da parceria entre o curso de Pedagogia e as escolas de Educação Básica, na troca de experiências e crescimento mútuo. É uma atividade que revela o papel da IES no ensino e na extensão.

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

LIBANEO, José Carlos. Adeus professor, Adeus professora? Novas exigências educacionais e profissão docente. São Paulo, Cortez, 1998.

 

MORAES, M. CÂNDIDA. O paradigma educacional emergente. Campinas – SP: Papirus, 1997.

 

Apresentação flash

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* Mestre em Educação, Sub-coordenadora e professora do Curso de Pedagogia da Faculdade de Filosofia Bernardo Sayão, AEE.

** Mestranda em Educação, professora do Curso de Pedagogia da Faculdade de Filosofia Bernardo Sayão, AEE.