EM FOCO A COMUNICAÇÃO NA
PRÁTICA DOCENTE[1]
O plano virtual pode precipitar nas possibilidades, a infinitude, atualizando as singularidades. O ser singular é um absoluto e não relativo. O ser finito é infinito na precipitação. Cada ser é uma totalidade. FELIPE SERPA, 2003[2]
Iniciando
O objetivo deste texto é trazer a
reflexão sobre as possibilidades de articulação do campo da comunicação na
formação docente. Entendo que é um desafio constante articular teoria e prática
no cotidiano da prática docente, mas esse exercício contribui para que o
professor possa compreender as interfaces dos fluxos comunicacionais existentes
nos processos de ensinar e aprender. Agregado a esse desafio a apropriação das
Tecnologias da Informação e Comunicação
no espaço de formação docente é visto ainda como um grande NÓ.
As questões aqui
apresentadas não se esgotam e, sim, apenas suscitam a emergência de inserir a
temática da comunicação nos cursos de formação de professores, discutindo a comunicação na prática pedagógica, as tecnologias de informação e a
comunicação no processo de ensinar e aprender que certamente rompem espaços e tempos e emergem trilhas
possíveis.
A comunicação na prática pedagógica
A
intencionalidade de conceber a prática pedagógica, também, como um processo
comunicacional, pressupõe o movimento ação-reflexão-ação do “pensar certo” e do
“agir comunicativo” como um trânsito que percorre diversos campos dos saberes, sejam eles científicos ou não.
Neste sentido, faz-se necessário conceber a comunicação como elemento articulador
da formação docente como mediação que está presente nas relações interpessoais,
no planejamento, nas avaliações, enfim em toda a organização curricular.
A
dinâmica do processo comunicativo, desenvolvida na relação pedagógica, tal
como a própria educação, apresenta
formas explícitas e implícitas de dialogicidade ou de anti-dialogicidade. Essas
formas se evidenciam nas diferentes maneiras, como, por exemplo, na forma de
intervenção do professor durante a exposição do aluno a qual pode provocar
insegurança ou a forma de condução de tomada de decisão coletiva sobre
atividades extracurriculares ou de participação dos pais na escola ou na
divisão do trabalho pedagógico.
Entende-se
que o processo comunicativo como mediação está presente nas relações
interpessoais, no planejamento bem como nos demais momentos do cotidiano
escolar, o caráter educativo e comunicativo se funde. Com o propósito de
contemplar uma prática comunicativa, intencionalmente, dialógica é preciso
desenvolver o exercício de interatividade de saberes[3],
o que implica conceber os processos de ensinar e aprender, também como
processos comunicativos. O aluno chega à escola capaz de comunicar seus saberes
acumulados e produzidos no cotidiano social e o professor, por sua vez, nem
sempre se apropria desses saberes e formas de comunicação, que certamente são
construídos por meio de diferentes linguagens e tecnologias.
Afinal o que gera essa desconsideração por parte do professor?Será que o
professor está apto a promover um ensino dialógico a partir de leituras sobre
as mídias?
O professor percebe a importância
da comunicação na sua prática pedagógica?
O professor concebe o aluno como protagonista do ensinar e do
aprender?Como construir práticas que superam o caráter meramente instrumental
sem cair na apologia acrítica das tecnologias, nem na visão redentora nem
“apocalíptica” das tecnologias no cotidiano escolar?
Questionar é preciso, mas não é o bastante. Na verdade, desenvolver práticas educativas comunicativas exige uma formação docente que articule teorias do campo da comunicação com as da educação. Com este entendimento, percebe-se que a formação docente necessita inserir o estudo de conceitos que propiciam ao professor:
-
reconhecer as abordagens de
comunicação, presentes na prática pedagógica e na vida cotidiana percebendo as
implicações do processo comunicativo no processo ensino-aprendizagem;
-
apropriar-se dos diferentes
saberes dos alunos, os quais resultam do processo de “ressignificação” de
saberes aprendidos no âmbito escolar e no mundo vivido;
-
superar a “angústia do medo”,
do desconhecido frente ao acelerado avanço tecnológico e manusear equipamentos
tecnológicos, sem, no entanto, fazer apologia do seu uso no processo educativo;
- compreender que seu papel não é de detentor do conhecimento, mas,
sim de mediador entre os saberes dos alunos e os princípios dos conceitos
científicos;
- promover a leitura
crítica depurada das formas e conteúdos veiculados pela mídia extrapolando o
caráter da crítica destrutiva;
- ter clareza sobre as possibilidades e os limites da ação pedagógica e o poder da comunicação na formação do SER;
É bom esclarecer que um primeiro passo é sentir – se protagonista do processo de ensinar e aprender e ao mesmo tempo ter sensibilidade para apreender a realidade e as expectativas dos alunos considerando-o, também, protagonista.
A postura de protagonista na prática educativa comunicativa rompe com a
idéia de apenas escolher e utilizar as tecnologias da informação e da
comunicação colocando o aluno no papel de sujeito receptor ativo e não de mero
reprodutor ou telespectador passivo. Experiências[4]
realizadas a partir deste entendimento, mostraram que conceber o aluno como
protagonista do processo de ensinar e aprender comunicativamente exige o
exercício da dialogicidade e da interatividade de saberes, fundamentos que
ultrapassam os campos de conhecimento efetivando uma prática pedagógica,
verdadeiramente, comunicativa.
A formação deste perfil de
professor envolve o conceito de práxis
comunicativa que exige o agir e o
pensar sobre o mundo, com outros mundos, para a transformação, rompendo com a
“cultura do silêncio”, é preciso refletir como os cursos de formação docente,
inicial e continuada, tem contribuído para efetivar este agir e este pensar.
As tecnologias de informação e comunicação no processo de ensinar e
aprender
Também já é quase consensual
a percepção de que o uso das TIC será um fracasso se insistirmos na sua
introdução como ferramentas, apenas como meros auxiliares do processo
educacional, de um processo caduco,
que continua sendo imposto ao cotidiano das pessoas que vivem um outro
movimento histórico (PRETTO, 2001:42).
O autor acima, também, chama atenção para
a dupla face do uso das TICs na educação que, de um lado reduzem as distâncias
e potencializam as formas de aprender e de outro é apresenta-se como mecanismo
de inclusão, mas que na verdade acentua a exclusão “daqueles que já são
excluídos socialmente”.
É certo que estes aspectos envolvem
políticas sociais e educacionais que ultrapassam a instalação de equipamentos
(computadores e tv) nas escolas, o que já se comprovou com medidas de inserção
das TICs na escola[5] sem preparo
devido dos professores e ausência de propostas pedagógicas condizentes a cada
contexto escolar. As políticas devem estar pautadas nas condições e
necessidades reais de cada localidade e não priorizar as empresas que produzem
essas tecnologias.
A apropriação das TICs nas práticas pedagógicas implica na configuração
de novas formas de relações entre os sujeitos aprendentes e ensinantes, isto é,
modifica-se a função do professor na relação com o aluno e com o conhecimento,
sendo ambos ensinantes e aprendentes que partilham das diferentes formas de
conhecer, de esclarecer dúvidas e de gerar outras, utilizando-se de diversas
linguagens.
É fato que essa configuração caracteriza a aprendizagem colaborativa, a
qual mesmo prescindindo da tecnologia adotada, ela é potencializada pelas
linguagens midiáticas e tecnológicas. A potencialização da aprendizagem
colaborativa instaura a prática pedagógica de construção de redes de
conhecimentos, as quais são geradas em tempos e espaços reais e virtuais. Essas
possibilidades não podem ser ignoradas pelas instituições formadoras de
professores que via de regra rejeitam o uso das TICs no cotidiano de seus
cursos em detrimento ao uso, exclusivo, das tecnologias de impressos (livros,
cadernos, mapas, etc). Aliás, as tecnologias sempre estiveram presentes na
educação (lousa, giz, papel, tinta, etc), então porque não fazer a apropriação
das atuais TICs no processo de formação docente? Será que adotar as práticas
tecnológicas significa abandonar a reflexão teórica? O arsenal tecnológico
presente na sociedade da informação tem exigido mudança de hábitos e atitudes
das pessoas cotidianamente. E as instituições formadoras de professores o que
tem feito ao evitar a apropriação das TICs em seus cursos?
Um dos argumentos usados por educadores
na aprendizagem em ambientes cooperativos virtuais é da ausência de controle da
produção do aluno. Mas será possível ter controle da aprendizagem do aluno? Se
concebermos que o conhecimento é complexo, dinâmico, instável e infinito porque
nossas práticas ainda estão presas as formas do relógio Descartiano?
Para Kenski(2002) o uso das tecnologias traz implicações para a própria
maneira de ensinar e de produzir conhecimentos, funções básicas da atividade
docente. A mesma autora assinala que o problema do uso das tecnologias
eletrônicas por todos nós, professores- pesquisadores é real, sendo que a
exigência, a necessidade de atualização e comunicação permanente coloca aos usuários as mais avançadas
tecnologias. Através das redes, da Internet principalmente, podemos ter acesso
às informações científicas mais recentes, às bibliotecas e universidades do
mundo inteiro, à comunicação com nossos pares em todos os continentes.
Pesquisas realizadas sobre esta temática mostram
que a utilização das mais avançadas tecnologias nas atividades docentes, ainda,
é mínima e nem sempre apoiadas institucionalmente com espaços e equipamentos
adequados e suficientes para atividades dessa natureza. A mudança inicia-se à
medida que os docentes se apropriam das TICs no seu cotidiano pessoal e
profissional, sem medos de estabelecer outras formas de conhecer e de
relações e ao mesmo tempo sem abandonar
as formas convencionais de pesquisa e convivência geradas nos diferentes
espaços de socialização.
Rompem espaços e tempos... emergem trilhas possíveis....
Evidencia-se aos educadores a urgência em se reconsiderar os modelos didáticos e pedagógicos vindos de um contexto enciclopédico e cujo esgotamento se traduz quer nos desafios presentes colocados aos atos pedagógicos, quer no atinente aos interesses e expectativas dos alunos (CITELLI, 2000:16).
Retornando ao objetivo de pensar as possibilidades das práticas educativas comunicativas realizadas na escola, especialmente na formação docente, concebemos que os espaços de desenvolvimento de leitura da intencionalidade da mídia que se faz presente explícita e implicitamente no mundo do aluno e do professor, precisam ser ampliados. A negação da presença e influência da mídia e o uso das tecnologias no processo educativo escolar, significam negar o mundo vivido do aluno e do professor. È necessário reconhecer que a intencionalidade da mídia traduz a construção de valores, comportamentos e idéias sociais, ou seja, o caráter pedagógico da mídia exerce um poder de formação do ser humano, sob o véu da sedução, que deve ser desvelado academicamente.
É certo que o processo de
produção das mídias e das tecnologias de informação e comunicação não são
pautadas no referencial de causa e efeito. Há uma complexidade visível e
invisível que temos e podemos desvelar. Exemplo disso são alguns trabalhos
realizados de leitura crítica das mídias e o uso das tecnologias na educação
com professores[6], no Brasil,
no Chile e no México em que se constatou a existência de um acentuado consumo
de equipamentos eletrônicos e eletrodomésticos de última geração no cotidiano
dos professores, mas estes estão sub – utilizados, ou seja, alguns colocavam em
funcionamento quando um filho ou outra pessoa ligava ou usavam minimamente como
era o caso do vídeo (play e stop), o micro ondas(descongela e aquece) e do celular
liga e atende. Isto é, a grande maioria, ainda não apropriam-se do potencial
das tecnologias nas práticas cotidianas.
Mas se estamos ao mesmo
tempo imersos no mundo tecnológico, porque nossas práticas educativas continuam
“cisudas” e artesanais? Estamos vivendo
a transição de técnicas, de concepções, de funções, enfim de formas de pensar.
O processo de construção da cultura digital requer a ultrapassagem do domínio
de uma técnica ou da contemplação e do fascínio pelo “novo” para torna-se
“techné”, isto é o saber emerge a partir da apropriação dos limites e
potencialidades da tecnologia.
Para isso, hoje a legislação
nos dá a possibilidade de ministrar 20%
de nossas aulas por meio das tecnologias de informação e comunicação. Como
faremos isso? Afinal estamos dispostos a não ter nossos alunos sob nossos
olhares?
É justamente no conjunto das
tensões geradas nos processos de transição das linguagens analógicas, digitais,
visuais e corporais que surgem as possibilidades de reconfigurações das formas
de ensinar e aprender simultaneamente e não dicotômicas.
É no trânsito dessas tensões
que as precipitações anunciadas por Felipe Serpa emergem, entre o finito e
infinito de espaços e tempos diferenciados em que ocorre o processo de
desconstrução do próprio ser e dos sentidos atribuídos ao mundo. É nesse
movimento do pensar o pensamento que a germinação se inicia como fonte de
futuras fermentações do pensar e dos ser e, isto como diria Paulo Freire, com
certeza, GERA-DOR.
Na tentativa de romper com espaços e tempos na formação
docente concebemos a educação a distância(EAD), como uma precipitação
acadêmica, pois ela tem provocado a discussão das abordagens pedagógicas,
colocando em evidência a concepção de educação para cidadania, em que
qualidade, democratização e inclusão são terminologias que não pertencem
exclusivamente a EAD, mas, sim aos processos educacionais.
No campo da formação profissional a mudança de paradigma
de qualificação para o trabalho vai além do que aprender a fazer e aprender a
aprender. O profissional hoje necessita conseguir executar atividades de
abstração como a capacidade analítica, de transitar pelas linguagens
diversificadas ( analógicas e digitais), com uma visão ampla do processo
produtivo e as redes de relações que são estabelecidas neste processo. Do ponto
de vista pedagógico o uso das TICs na formação docente, especialmente na EAD, é
uma possibilidade de construir conhecimentos de forma colaborativa em
diferentes tempos e espaços reais e virtuais.
De acordo com LOBO(2000), considero que a qualificação
do processo educativo no ensino a distância não se dá exclusivamente pelo
suporte técnico, mas pela concepção pedagógica e o compromisso político da
prática social denominada educação. Partindo este entendimento, apesar das
especificidades[7], não há
sentido em distinguir educação a distância da educação presencial, pois ambas
são “educações”, nem melhor nem pior, que estabelecem relações comunicacionais,
científicas e afetivas.
Nesta abordagem, pode se dizer que na questão
pedagógica de apropriação das tecnologias na educação presencial ou a distância
é significativo conhecer a dimensão educacional como qualitativa da comunicação
que se estabelece em todas as formas de linguagens, nas estruturas organizacionais
presentes nos materiais e na dinâmica das relações interpessoais.
Como aponta PRETI(2000), as TICs na EAD são meios e
não fins em si mesmas. Estendo esse alerta para toda e qualquer apropriação de
tecnologias na educação, pois elas não são neutras pelo contrário, são
carregados de valores, conceitos, visões de sociedade, processos de conflito e
de privilégios.
No conjunto deste movimento
a comunicação é um elemento imprescindível para a permanente interconexão, do
pensar, do fazer, do conhecer e do ser.
Envolvidos em um movimento de transformações e mutações no qual o finito e o
infinito se confundem em tempos e espaços reais e virtuais, as “educações”
estão em pauta.
Pode –se afirmar que, as relações
educativas comunicativas na formação docente se constituem e traduzem a unidade
conteúdo- forma como interfaces de um processo de formação do ser que como
anunciou Ferraço[8](1999, p.
134) precisa “atravessar os corpos dos sujeitos”.
Entendo que a comunicação é o entre -
lugar da formação docente que para uma trilha reproduz discursos, ações,
idéias e valores e para outra é a possibilidade de criar outras formas ou
configurar múltiplos sujeitos e realidades.
Retornando as possibilidades de precipitação do ser infinito, anunciada
por Felipe Serpa, concebo que é na precipitação do ser que se dão os sentidos
da comunicação e esta por sua vez é promotora dessa possibilidade, sem ela o
ser e suas possibilidades inexistem.
O exercício do pensar a formação docente precisa estar pautado no
desprendimento das cristalizações de procedimentos, metodologias e teorias que
aparentemente asseguram a aprendizagem e a formação sólida.
Trilhar caminhos, re-existir a partir dos avanços e fracassos do fazer
pedagógico está no plano das possibilidades do ser de cada um. É claro,
partimos dos nossos limites institucionais, políticos, sociais, culturais e
pessoais como um exercício de “atravessar os corpos do sujeitos”.
Referências bibliográficas
CITELLI, Adilson.
“Comunicação e Educação – a linguagem em movimento”. São Paulo: SENAC,
2000.
FERRAÇO, Carlos
Eduardo. Currículos e conhecimentos em rede: as artes de dizer e escrever sobre
a arte de fazer. . In: ALVES, Nilda & GARCIA, Regina Leite ( orgs). O
Sentido da Escola. DP& A, Rio de Janeiro, 1999.
FREIRE, Paulo.
Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 14ª ed. 1983.
____________
.Pedagogia da Autonomia - saberes necessários à prática educativa. São
Paulo, Paz e terra, 7ª ed., 1998.
GALLO, Silvio.
Transversalidade e educação: pensando uma educação não-disciplinar. In: ALVES,
Nilda & GARCIA, Regina Leite ( orgs). O Sentido da Escola.DP& A, Rio de
Janeiro, 1999.
KENSKI,
Vani. Processos de interação e comunicação no ensino mediado pelas tecnologias.
In: ROSA, Dalva E. G. & SOUZA, Vanildo C. (orgs.) Didática e práticas de
ensino: interfaces com diferentes saberes e lugares formativos. RJ. DP&A,
2002.
LOBO, Francisco
Silveira. Educação a distância – regulamentação. Brasília, Plano. 2000
PENTEADO, Heloisa Dupas.
Pedagogia da Comunicação: sujeitos comunicantes. In: Pedagogia da Comunicação -
teorias e práticas. São Paulo, Cortez, 1998, p.13-22.
PRETI, Oreste. Educação a distância e
globalização. In: PRETI, Oreste (org) Educação a Distância – construindo
significados. Brasília: Plano, Cuiabá: NEAD/IE - UFMT , 2000, p: 17- 42.
____________. Educação a Distância: uma
prática educativa mediadora e mediatizada. In: PRETI, Oreste (org) Educação a
Distância – inícios e indícios de um percurso. Brasília: Plano, Cuiabá: NEAD/IE
- UFMT , 1998, p: 15-56.
PRETTO, Nelson de Luca. Desafios para a
educação na era da informação: o presencial, a distância, as mesmas políticas e
o sempre. In: BARRETO, Raquel Goulart.(org). Tecnologias educacionais e
educação a distância: avaliando políticas e práticas. RJ. Quartet. 2001.
EM FOCO A COMUNICAÇÃO NA
PRÁTICA DOCENTE
RESUMO
O objetivo deste texto é trazer a
reflexão sobre as possibilidades de articulação do campo da comunicação na
formação docente. Entendo que é um desafio constante articular teoria e prática
no cotidiano da prática docente, mas esse exercício contribui para que o
professor possa compreender as interfaces dos fluxos comunicacionais existentes
nos processos de ensinar e aprender. Agregado a esse desafio a apropriação das
Tecnologias da Informação e Comunicação(TICs), no espaço de formação docente é
visto ainda como um grande NÓ.
Palavras chaves: formação
docente, comunicação na prática pedagógica, tecnologias da comunicação na
educação.
DADOS DA AUTORA:
Profª.Cleide Aparecida
Carvalho Rodrigues - Universidade Federal de Goiás. Pedagoga, Mestre em
Educação e doutoranda na UFBA. cleideacr@brturbo.com.br
[1] Autora: Cleide Aparecida Carvalho Rodrigues. Pedagoga, profª da Universidade Federal de Goiás doutoranda da UFBA. cleideacr@brturbo.com.br
[2] Exposição oral em sala de aula, Salvador, fevereiro, 2003.
3
A interatividade de saberes é entendida como uma abordagem de processo
ensino-aprendizagem que, tendo a comunicação como mediação, possibilita
articular elementos desse processo. Ela não é entendida como uma opção
metodológica que utiliza recursos diversificados da comunicação, aplicados ao
processo ensino-aprendizagem, ou que discute e reflete sobre o processo
comunicativo gerado no interior da educação. Nesse sentido, o termo
interatividade de saberes, aqui defendido, tem como suporte o referencial
freireano de prática pedagógica, que não se reduz à metodologia, mas, sim é uma
postura de SER. Esse SER é dialógico,
humano, aprendiz, é SER MAIS construído no amor pelo e no mundo, por meio de
interações horizontais verdadeiramente dialógicas.
[4] Foram realizadas experiências em cursos de formação de professores, no projeto de pesquisa Infovias e Educação desenvolvido pela UFG entre 2000 e 2002.
[5] Exemplo disso é o projeto TV na Escola e os laboratórios de informática do Proinfo.
[6] Em 2001, no curso de Pedagogia promovido pela UFG em convênio com a Secretaria Municipal de Goiânia na disciplina Novas Tecnologias e Educação, foram realizadas atividades de leitura crítica das mídias e estudo das possibilidades de uso das tecnologias na educação.
[7] Na EAD as linguagens, as produções de materiais didáticos e ferramentas interativas devem ser as mais claras possíveis, objetivas e dialógicas, no sentido de assegurar a compreensão plena da estrutura e dos conceitos por parte dos cursistas.
[8]Este
mesmo autor anuncia a necessidade de estudos dos movimentos caóticos do cotidiano
escolar( colas, guerras de frutas durante o recreio, assobios na execução do
hino nacional, etc), possibilita a produção de novas relações pedagógicas.
Considera, ainda, que o cotidiano escolar e os currículos realizados são extremamente férteis, dinâmicos,
imprevistos, complexos e multifacetados que caracterizam as relações não –
lineares. Na verdade, esta performance configura-se na estrutura rizomática de
saberes. Neste sentido, a produção e
partilha de espaços tempos de
conhecimentos acontece na negociação de sentidos e ressignificação de
significados.