A EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO MÉDIO

 

Ludmila Siqueira Mota

ESEFFEGO-UEG

 

Resumo:  O trabalho ora apresentado é o resultado de uma pesquisa exploratória sobre o papel da Educação Física no Ensino Médio e que concepções estão concretizadas sobre esta disciplina nas escolas de cunho propedêutico e de cunho profissionalizante. Além disso, busca investigar como se dá a organização da disciplina Educação Física nas diferentes vertentes neste nível de ensino e contribuir o conhecimento da realidade social das escolas de Goiânia.

 

 

Resultante do processo histórico da educação brasileira, o Ensino Médio vem buscando sua identidade como “etapa final da educação básica” (arts. 35 e 36 LDB). Ora lhe é delegada a função de preparatório para a universidade, ora sua finalidade é atender  ao mercado de trabalho, restando-lhe , nesse caso, fazer um mero treinamento de habilidades.

De acordo com Pereira & Teixeira (2000), a partir da Lei n.° 5.692/71, em vigor até 1996, apesar das variadas tentativas de aperfeiçoar a legislação, houve um aprofundamento dessa situação, ou seja, um esvaziamento, tanto do ensino propedêutico como do profissionalizante.

No atual texto da lei (LDB 9.394/96), o Ensino Médio objetiva preservar o caráter unitário, partindo da proposta de educação geral. Este nível de ensino desempenha a função de contribuir para que os jovens consolidem e aprofundem conhecimentos anteriormente adquiridos, visando uma maior compreensão do significado da ciência, das artes, das letras e de outras manifestações culturais. Outro papel que também lhe cabe, é possibilitar que esses jovens possam ter acesso à educação profissionalizante, aprofundando sua compreensão sobre os fundamentos científicos e tecnológicos, conhecendo o movimento do mundo do trabalho e as características dos processos produtivos.

Diante desse quadro, cabe indagar como a Educação Física se encaixa nesse processo, sendo um componente curricular deste nível de ensino. Para tanto é preciso levar em consideração de qual Educação Física estamos falando. Durante anos esta disciplina foi norteada pelos pressupostos biologicistas, indicadores da aptidão física e da saúde, que ainda permeiam e, até pode-se dizer, predominam na atuação pedagógica de muitos profissionais da área.

Visto que o caráter do Ensino Médio sofre oscilações sobre suas funções, o trabalho ora apresentado tem o propósito de investigar qual o papel da Educação Física neste nível de ensino e que concepções estão concretizadas sobre esta disciplina nas escolas de cunho propedêutico e de cunho profissionalizante. Além disso, buscarei investigar como se dá a organização da disciplina Educação Física nas diferentes vertentes do Ensino Médio e contribuir para o conhecimento da realidade social das escolas de Goiânia, possibilitando uma visão crítica do contexto escolar. Dessa sorte, buscarei traçar, a partir de uma análise da realidade, configurações que viabilizem interpretações do contexto social e da prática pedagógica e organizacional da Educação Física nas escolas-campo.

Falar do papel da Educação Física no Ensino Médio hoje, requer uma retrospectiva da história desta disciplina na conjuntura educacional, isto porque, segundo Castellani Filho (1994:12), não se pode ver a história como verdade absoluta, definitivamente acabada, mas como processo sujeito a constantes reinterpretações.

A parti da década de 30, e até meados da década de 40, o sistema militar interessou-se pelo valor eugênico e de preparação guerreira da Educação Física. Na década de 70, compunha no governo federal, a tecno-burocracia (Betti, 1991), que se instalou na área educacional, a perspectiva do desenvolvimento da segurança nacional (Idem, p.160), aliando a Educação Física ao sistema esportivo fornecedora de talentos para alimentar o esporte de alto rendimento. Neste contexto é relevante considerar que existe coerência entre a prática de Educação Física, considerada a partir dos atores dominantes de cada época, e o modelo de personalidade que se deseja formar. Para isso, Betti (1991) possibilitou uma investigação histórica sobre a origem da Educação Física no mundo contemporâneo, e particularmente no Brasil, buscando determinar a influência desta história na Educação Física atual. O autor estabeleceu a forma pela qual, no Brasil, as relações escola-sociedade, através da política educacional, influenciaram as propostas pedagógicas adotadas pela Educação Física e Esporte, no período de 1930-1986.

A Educação Física continuou a representar seu papel, e não nos fica difícil, então, fazer alusão à maneira como dela lançaram mão na definição das políticas educacionais. Teve ela a presença tecnicista nas Leis n.° 5.540/68 e 5.692/71 (Castellani Filho, 1994:107), configurando-se pela preparação, recuperação e manutenção da força de trabalho, buscando com isso assegurar o desenvolvimento do país e a mão-de-obra fisicamente adestrada e capacitada. Pretendia-se estabelecer um processo de educação da classe trabalhadora, pautada nos valores burgueses dominares e articulada com a produção, diluindo os antagonismos de classes presentes na relação Capital – Trabalho (Idem, p.95). Assim, apoiado numa concepção histórico-crítica da educação, Castellani Filho (1994) descaracteriza a Educação Física e a resgata em sua dimensão histórica, objetivando encontrar sua identidade. Suas reinterpretações possibilitaram um melhor entendimento da história da Educação Física na direção do estabelecimento das relações entre os papéis por ela representados ao longo de sua existência e sua configuração presente.

Apesar do caráter limitado do referencial teórico existente sobre o tema, vários autores buscaram reescrever a história da Educação Física, forneceram subsídios para interpreta-la com outros olhos, possibilitando a fuga da leitura dominante alienante do problema. Pela concepção histórico-crítica da Educação Física, foi possível fundamentar seus fins e meios no âmbito do Ensino Médio.

Estabelecerei a metodologia a partir de uma abordagem exploratória, pois esta permite, conforme Gil (1986), uma visão geral, de tipo aproximativo, acerca de determinado fato. Utilizarei fontes de informação bibliográfica que viabilizem a interpretação do contexto através da representação de ações de diferentes concepções encontradas, onde o pesquisador faz um relato dos acontecimentos, permitindo assim, uma associação da leitura com as próprias experiências pessoais.

Como objeto de estudo, focalizarei o papel da Educação Física no Ensino Médio, no contexto da escola pública Estadual da cidade de Goiânia. Delimitei o campo de pesquisa a uma escola de cunho propedêutico, especificamente voltada à preparação do vestibular, por se tratar de uma das vertentes em que o Ensino Médio vem oscilando, juntamente com uma outra escola, de cunho profissionalizante.

A escolha da escola pública é devido aos inúmeros problemas educacionais que ela vem enfrentando, sobretudo no tema que está sendo abordado. Bracht (1997) nos lembra que é importante termos claro que a definição do objeto de estudo da Educação Física está relacionada com a função ou papel social que à ela tem atribuído e que define o tipo de conhecimento buscado para a sua formulação.

As entrevistas e questionários semi-estruturados serão aplicados com 2 (dois) professores de Educação Física e 2 coordenadores pedagógicos, um de cada escola. As entrevistas são técnicas utilizadas na pesquisa na busca de obter informes contidos na fala dos atores sociais e, possibilitando complementar, esclarecer e interpretar os dados observados. Além disso, procurarei realizar uma análise documental do projeto político pedagógico da escola, buscando verificar quais são os objetivos/finalidades e o papel que a Educação Física cumpre nessas escolas.

Segundo o Coletivo de Autores (1992), a prática pedagógica surge de necessidades sociais concretas. Sendo a Educação Física uma prática pedagógica, podemos afirmar que ela surge de necessidades sociais concretas que, identificadas em diferentes momentos históricos, dão origem a diferentes entendimentos do que dela conhecemos. Sendo assim, podemos afirmar que a prática pedagógica da Educação Física também é uma prática social. E que prática social está sendo pedagogizada em nossas escolas? Que função/objetivos ela está assumindo e desenvolvendo? É o que vou tentar responder mais adiante.

Assim,

 

A prática pedagógica é uma prática social, que pressupõe uma concepção de conhecimento que orienta uma relação de unidade entre sujeito/objeto e uma relação dialética entre teoria/prática. É uma forma de práxis onde sujeito/objeto é o próprio sujeito, implicando em relação de reciprocidade entre sujeitos, e ainda em ação entre um sujeito sobre outros sujeitos. Essa ação tem um lado teórico e subjetivo – o que o sujeito pensa – e um outro propriamente prático e objetivo – o que o sujeito faz dentro das condições concretas da vida (Biasoli apud Ventura, 2000:57)

 

 

Desvendando a pesquisa

 

            Ao investigar quais seriam os objetivos e função da escola no que diz respeito a formação dos alunos, tanto professoras como coordenadoras entrevistadas, alegaram que o aluno que procura pelo ensino médio busca inserir-se no mercado de trabalho, e esse é o principal objetivo da escola. As coordenadoras de ambas as escolas selecionadas, principalmente da Escola 1[1], ainda complementam que os alunos procuram a escola para se prepararem para o vestibular, como um meio de elevar sua qualificação e buscar uma mobilidade social.

            Encaram a disciplina escolar como meio de possibilitar vivências tidas como não sérias, livres e de prazer. A Educação Física, neste caso, serve para compensar o desgaste físico e mental dos alunos, causado pelo trabalho escolar. Esta Educação Física vista como amortizadora das tensões sociais, de caráter utilitarista, mostra a visão dicotomizada entre corpo/mente, trabalho/lazer, teoria/prática. Ventura (2000), diz que o trato das práticas corporais dissociadas de uma reflexão teórica, têm sua origem nas instituições que ainda mantêm íntima relação de poder sobre a Educação Física, no caso a Biologia, responsável pelo trato exagerado do corpo centrado na aptidão física, que anula a reflexão teórica sobre as práticas desenvolvidas, instalando a dicotomia corpo e mente na prática pedagógica da Educação Física. Ainda,

 

A busca do desenvolvimento de capacidades físicas e habilidades motoras, de forma unilateral, utilizando unicamente critérios de desempenho e  produtividade, ignorando a globalidade do homem, geram uma Educação Física alienada, que ajuda a acentuar a visão dicotômica de corpo e espírito do homem contemporâneo. (Gonçalvez apud Ventura, 2000:149)

           

 

Na visão da professora 1, A Educação Física é uma disciplina que contribui para a formação da cidadania dos alunos, proporciona prática de atividade física e conhecimentos sobre saúde. Ela canaliza suas aulas para a prática esportiva, pois os alunos hoje não querem mais saber de fazer aula, são muito dispersos e não querem saber de nada, e o esporte é o único meio para chamar o aluno para as aulas.  Além do esporte, a Professora 1 enfatiza muito os conhecimentos sobre saúde (DSTs, sexualidade, higiene...), porque o índice de casos de meninas grávidas na escola é muito grande, e é função da escola e da Educação Física, por tratar do corpo, abordar esses conhecimentos.

Hoje nos deparamos com o “boom” da saúde, onde a atividade física passa a ser vista como “gênero de primeira necessidade” na vida das pessoas e a manutenção da saúde, melhora da estética corporal e incentivo à atividade física ganham cada vez mais projeção. Assim, a Educação Física se caracteriza na escola como uma das disciplinas que lidam com o corpo e, mais especificamente, com o movimentar-se humano[2]. Recai sobre ela a responsabilidade de tematizar e ampliar a discussão acerca da saúde. Porém, a forma como essas informações e conhecimentos são passados, é marcado pela superficialidade e neutralidade política. Com isso, como nos alerta Gariglio (s/d), omitem-se as causas e desideologiza-se o problema, ao não mediá-lo com a visão de mundo. Busca-se, no entanto, ideologizar no sentido da falsa consciência.

Já a Professora 2, diz que canaliza suas aulas de acordo com os interesses dos alunos e dentro dos assuntos citados por eles elabora suas aulas. Ela também tem no esporte o conteúdo básico da Educação Física e ensina uma modalidade esportiva por bimestre, sempre visando os jogos internos da escola. Para ela, a Educação Física visa desenvolver, juntamente com as outras disciplinas a formação do cidadão preparado para o mercado de trabalho.

Assim como o EPT (Movimento “Esporte para Todos”) nos anos 70 ganhou campo fértil para a sua propagação, como comprovação social do desenvolvimento econômico, expresso no acesso às atividades físicas para melhoria da qualidade de vida, hoje o esporte institucionalizado na escola não difere muito da idéia inculcada naquela época, ou seja, ele aparece como possibilidade de surgirem atletas de melhor nível técnico, no campo do esporte competitivo, do rendimento, de técnicas, voltadas hoje para o que se denomina sociedade do conhecimento, educação para a competitividade e formação abstrata e polivalente, como é pregada pelos PCNs-EM, e como forma de legitimação ideológica.

A educação aqui significa levar o indivíduo a internalizar valores, normas de comportamento, que lhe possibilitarão adaptar-se à sociedade capitalista. Em suma, é uma educação que leva ao acomodamento, e não ao questionamento. Uma educação que ofusca, ou lança uma cortina de fumaça sobre as condições da sociedade capitalista. Uma educação a serviço da classe dominante. Uma educação que não leva à formação do indivíduo consciente, critico, sensível à realidade que o envolve. (Bracht, 1997:63).

 

 

Considerações Finais

 

Neste trabalho, elegi como foco principal investigar qual o papel da Educação Física no Ensino Médio e que concepções estão concretizadas sobre esta disciplina nas escolas de cunho propedêutico e de cunho profissionalizante. Ao abordar sobre as vertentes do Ensino Médio, tinha como indagação inicial saber como a Educação Física se configurava nessas escolas, se havia alguma diferenciação de objetivos/função e conteúdos, visto que o caráter de ambas vertentes se diferencia nos aspectos legais, organizacionais e estruturais.

            Esta diferenciação de características das vertentes do Ensino Médio foi um aspecto permanente durante toda a historia deste nível de ensino, e mais acentuadamente marcado nos anos 70 com a Lei 5.692/71, que buscou a profissionalização do 2º grau na tentativa de desviar a demanda da Universidade para o mercado de trabalho, reforçada pela política do desenvolvimento econômico do país, onde a escola era segmentada em disciplinadora e adestradora para os filhos da classe trabalhadora e em formativa para os filhos das classes dirigentes.

            Hoje esta configuração se alterou no plano externo das categorias do discurso liberal, reconvertidos em sociedade do conhecimento, educação para a competitividade e formação abstrata e polivalente, que, segundo Frigotto (2003), expressam os limites do capital humano. Explica o autor:

 

No plano da ordem econômica, os conceitos ou categorias pontes são: flexibilidade, participação, trabalho em equipe, competência, competitividade e qualidade total. No plano da formação humana são: pedagogia da qualidade, multi-habilitação, policognição, polivalência e formação abstrata. Nesta perspectiva configura-se uma crescente unanimidade do discurso da “modernidade” em defesa da escola básica de qualidade. (Idem:55)

 

 

            E ainda,

 

A educação, quando apreendida no plano das determinações e relações sociais e, portanto, ela mesma constituída e constituinte destas relações, apresenta-se historicamente como um campo da disputa hegemônica. Esta disputa dá-se na perspectiva de articular as concepções, a organização dos processos e dos conteúdos educativos na escola e, mais amplamente, nas diferentes esferas da vida social, aos interesses de classes. (Idem:25)

 

 

Segundo Gonçalves, o que vem sendo reproduzido pela escola atualmente como práticas escolares trazem a marca da cultura e do sistema dominante, que nelas imprimem as relações sociais que caracterizam a moderna sociedade capitalista (1997:32), e ainda continua a autora, não se trata de uma mera reprodução...no movimento dialético entre subjetividade e as condições objetivas, as relações de domínio e controle se efetivam assumindo características específicas (idem:33)

A partir do resgate histórico da Educação Física no Ensino Médio, busquei tentar compreender a Educação FísIca de hoje, de como ela está configurada nessas escolas, isto porque, a escola sempre refletiu seu tempo e não podia deixar de refleti-lo; sempre esteve a serviço das necessidades de um regime social determinado e, se não fosse capaz disso, teria sido eliminada como um corpo estranho e inútil (Pistrak apud Ventura, 2000:1).

Vimos que no decorrer da história da Educação Física, ela  sempre representou papéis, sempre esteve a serviço de uma classe e/ou de um sistema dominante que a impregnava com suas ideologias veiculada às condições sociais e históricas nas quais esta prática se realizou, sendo instrumento do poder para veiculação da ideologia dominante e preservação do status quó.

A compreensão da Educação Física nas escolas pesquisadas não se alterou, ambas lhe dão um caráter utilitarista e funcionalista, característica derivada principalmente do período militar brasileiro, ao mantê-la num papel secundário na formação dos alunos do ensino médio: antes, o de disciplina prática, prazerosa e livre e destituída de teoria/reflexão; para relaxamento mental dos alunos estressados pelas disciplinas tidas como sérias ou como mais importantes.

Tendo o esporte como conteúdo marcante das escolas pesquisadas, pode-se observar que ele corresponde às características sociais, isto é, reflete normas e regras dominantes da sociedade. O significado do movimento é um atendimento às exigências do mundo moderno caracterizados pelo sucesso ou pelo fracasso: vencer na vida, no mundo competitivo do consumo ou fracassar diante das possibilidades oferecidas, assim, perde-se a cada dia a noção de que o corpo pode realizar várias experiências de movimento.

 

O esporte gera uma redução da complexidade pelas suas aulas de Educação Física Escolar, ou seja, a política atual e suas estruturas determinam as concepções do esporte, e este, por sua vez, determina a realidade do movimento, sem, no entanto, refletir sobre as conseqüências sociais que estão ligadas a esse processo (Kunz, 2001:134).

 

Embora sejam o esporte e a aptidão física os conteúdos marcantes da Educação Física, percebidas nas entrevistas com os professores pesquisados, não podemos comprova-lo concretamente, visto o caráter exploratório da nossa pesquisa. No entanto, no diálogo com os atores, não é por desconhecimento de outros conteúdos que os professores dão ênfase ao esporte, mas por ser este o preferido pela maioria dos alunos e mais fácil e cômodo para os professores. Acredito que o Ensino Médio deva ir além da preparação para o vestibular e formação polivalente dos educandos, que a Educação Física deva ir além das práticas esportivas, da aptidão físca e do relaxamento mental dos alunos.

A Educação Física é uma disciplina que trata, pedagogicamente, na escola, do conhecimento da cultura corporal (Coletivo de Autores, 1992:61), e ao se discutir a Educação Física escolar, precisamos problematizar como os conteúdos da cultura corporal de movimento são ressignificados pela cultura da escola nos seus diversos níveis e modalidades. Assim, construir a Educação Física na escola exige que ela decodifique e explicite a sua relação com a sociedade e com a cultura dentro e fora dos espaços e tempos escolares.

A Educação Física tem como uma de suas características básicas, vivências e experiências coletivas de intensa ação comunicativa e de sociabilidade, no que tange à utilização das linguagens verbal e corporal, o que lhe dá grandes possibilidades e facilidades de desenvolver competências ligadas ao saber comunicativo e interpretativo.

Como bem lembra Kunz,

 

A linguagem corporal, através do movimento possui expressividade, intencionalidade e significados. É pelo pensar e falar, como competência comunicativa, que as estruturas para as interações humanas bem sucedidas se estabelecem (2001:138)

 

Ainda segunda o autor, o agir solidário, cooperativo, comunicativo e interpretativo nas aulas de Educação Física pode levar os alunos à compreensão dos diferentes papéis sociais existentes no esporte, na dança, nos jogos... fazendo-os sentirem-se preparados para assumir esses papéis e entender/compreender os outros nos mesmos papéis ou em papéis diferentes.

Gonçalves diz que

 

A Educação Física como ato educativo relaciona-se diretamente à corporalidade e ao movimento do ser humano. Implica, portanto, uma atuação intencional sobre o homem como ser corpóreo e motriz, abrangendo as formas de atividade física, como a ginástica, o jogo, a dança e o desporte. (1994:134)

 

            A compreensão da Educação Física envolve, portanto, uma articulação com os fenômenos sociais, dentro de uma concepção dialética da realidade, a articulação com os fenômenos sociais significa com as formas ideológicas petrificadas, que ocultam sua verdadeira essência. (Gonçalves, 1994:134).

 

Referências Bibliográficas

BETTI, Mauro. Educação Física e sociedade. São Paulo: Movimento, 1991.

BRACHT, Valter. Educação Física: conhecimento e especificidade. In: SOUSA, Eustáquia S. de e VAGO, Tarcísio M. (ORGs). Trilhas e partilhas: a Educação Física na cultura escolar e nas práticas sociais. Belo Horizonte:1997.

BRASIL. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros curriculares nacionais: ensino médio. Brasília: MEC-SEMTEC, 2002.

CASTELLANI FILHO, Lino. Educação Física no Brasil: a história que não se conta. Campinas: Papirus, 1994.

COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do ensino de Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992.

FRIGOTTO, Gaudêncio. Educação e a crise do capitalismo real. São Paulo: Cortez, 2003.

GONÇALVES, Maria A Salin. Sentir, pensar e agir corporeidade e educação. Campinas: Papirus, 1997.

VENTURA, Paulo Roberto V. A prática pedagógica da Educação Física em escolas públicas de Goiânia. Brasília: UnB, 2000. (Dissertação de Mestrado em Educação)

ZIBAS, Dagmar; AGUIAR, Márcia; BUENO, Maria. O ensino médio e a reforma da educação básica. Brasília: Plano, 2002

 

[1] Escola 1 refere-se à escola de cunho propedêutico e Escola 2 refere-se a de cunho profissionalizante.

[2] KUNZ, Elenor. Transformação didático-pedagógica do esporte. Ijuí: Uniluí, 1994

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