APERFEIÇOANDO
A LEITURA ATRAVÉS DA ARTE.
Alzenira de Carvalho Miranda*
Ana Lúcia Alves Naves*
Marlene Alves S. Santana*
Marli Marques de Araújo*
Patrícia Gomes Nogueira*
Shêila Gomes da Silva Barros*
O presente trabalho visa servir como instrumento de conscientização humana, dando condições para a ação e reflexão durante todo o desenvolvimento das atividades propostas.
Com base em leituras e observações diretas, foi verificado que o emprego das artes e recreação se mostram presentes, buscando soluções e usando a criatividade. É fator primordial para mudar a visão de aprendizagem levando em conta o momento, a história e o indivíduo.
Na verdade, para aprender conceitos e generalizar conhecimentos, a criança deve formar ações mentais adequadas. A aprendizagem é a modificação ocorrida na conduta mediante a experiência ou a prática. E nesse processo dinâmico, vivo, global e contínuo é que se exige condição básica e amadurecimento do indivíduo para a referida modificação.
Quando se fala do processo de ensino-aprendizagem ressalta-se que tal compreensão não é adquirida nem rápida, nem facilmente, mesmo que o professor seja eficiente. Exige condição básica e amadurecimento do indivíduo. Neste sentido incentivando o educando a participar e interagir na melhoria do conhecimento e na participação ativa das relações sociais.
A escola deve valorizar os alunos e suas contribuições individuais, destacando as conquistas, privilegiando a criatividade para formar pessoas seguras, alegres, capazes e merecedoras da felicidade.
Conforme diz Rubem Alves: “A música que me faz rir ou chorar, o alimento que me apetece ou me é indigesto, a carícia que alegra ou me entristece: tudo isto está relacionado às minhas próprias raízes culturais, as minhas aspirações e àquelas formas específicas de entender e sentir a vida, que são peculiares à cultura a qual pertenço”.Com este trabalho busca-se despertar este sentimento nas crianças em relação à leitura como prática prazerosa.
Quando começam a ir para a escola, as crianças se sentem motivadas, embora chorem, digam que querem voltar para casa, elas ainda gostam muito da escola. O que acontece com a maioria das crianças ao chegar o tempo de iniciarem sua vida estudantil é pedir aos pais que as levem para a escola e se os mesmos pais não as levam, estas crianças por si mesmas pegam um lápis de cor, um papel e dizem que estão escrevendo, demonstrando assim anseio de aprender.
Brito e Manatta (1994:115) dizem que a atividade de brincar, de representar, de imitar e de fazer de conta é natural da criança. Estas brincadeiras ajudam no desenvolvimento da expressão e de habilidades, bem como na aquisição de conhecimentos.
É por isso que ao entrar na escola a criança deseja muito estudar, pois encontra ali, um caráter lúdico e aprende brincando. Foi pensando nisto que o trabalho proposto neste projeto é na área de Arte e da Recreação, para tentar despertar novamente nestes alunos o gosto pela escola e o prazer da leitura.
De acordo com o PCN de Artes (2001) a educação em Arte propicia o desenvolvimento do pensamento artístico, que caracteriza um modo particular de dar sentido às experiências das pessoas: por meio dele, o aluno amplia a sensibilidade, a percepção, a reflexão e a imaginação.
O PCN (2001) afirma que a área de Arte está relacionada as demais áreas e tem suas especificidades. Esta área também fornece ao aluno relacionar-se criadoramente com outras disciplinas do currículo. Por exemplo, o aluno que conhece Arte pode estabelecer relações mais amplas quando estuda um determinado período histórico. Um aluno que exercita cuidadosamente sua imaginação estará mais habilitado a construir um texto, a desenvolver estratégias pessoais para resolver um problema matemático.
Diante dos procedimentos falhos no ensino da leitura e escrita, sem oferecer condições criativas,busca-se trabalhar com Artes e Recreação, incentivando à leitura.
Conforme afirma Bagno (2002: 52) o ensino tradicional tem-se limitado a ensinar a escrita e a leitura às crianças, para uma vez mal alfabetizadas, começar o processo doloroso (para o aluno e para o professor) de inculcação mecânica da nomenclatura gramatical tradicional, acompanhado dos áridos exercícios de classificação morfológica e de análise sintática por meio de frases descontextualizadas, artificiais, banais, quando não francamente ridículas e / ou incongruentes.
A comunicação entre as pessoas e as leituras de mundo não se dão apenas por meio de palavras. Muito do que se sabe sobre o pensamento e o sentimento das pessoas, povos, países, e épocas são conhecimentos que se pode obter por meio de músicas, teatro, poesias, dança e outros. É por meio da linguagem da arte que se pode compreender o mundo das culturas e o nosso em particular. Assim sendo, mais fronteiras poderão ser ultrapassadas pela compreensão e interpretação das formas sensíveis e objetivas, ou seja, o modo de interação entre grupos, em sentido amplo para o aumento da cultura.
Pensando nisso procura-se utilizar as diferentes linguagens em busca de aperfeiçoar a leitura através da arte. Bem como apresentar diversas situações de comunicação, proporcionando assim uma leitura lúdica e interessante. Pois, a arte como conhecimento é ponto fundamental e condição indispensável para esse enfoque do ensino. Percebeu-se isto ao realizar um estágio supervisionado,que envolveu observação e intervenção nas séries iniciais do ensino fundamental de uma escola pública. Verificou-se, então, que de forma geral há necessidade de se realizar um trabalho voltado para a compreensão da natureza e dos mecanismos pelos quais as crianças sentem dificuldades na aprendizagem.
A influência da Pedagogia centrada no aluno, nas aulas de Artes, direciona o ensino para a livre expressão e valorização do processo de trabalho. Cabe ao professor dar oportunidades para que o aluno se expresse de forma espontânea e pessoal.
Matos diz que aprender é a modificação, para melhor, do comportamento, em seu tríplice aspecto: pensar, sentir e agir com o objetivo de promover adequado e eficiente ajustamento do educando ao meio físico e social. Os alunos aprendem quando refletem, raciocinam e aplicam o conhecimento.
Segundo o PCN de Arte (2001): “São características desse novo marco curricular às reivindicações de identificar a área por parte, e de incluí-la na estrutura curricular como área com conteúdos próprios ligados a cultura artística e não apenas como atividade. Assim a Arte é importante na escola, principalmente porque é importante fora dela. Por ser um conhecimento construído pelo homem através dos tempos, a Arte é um patrimônio cultural da humanidade e todo ser humano tem direito ao acesso a esse saber. Ensinar Arte significa articular três campos conceituais: a criação / produção, a percepção / análise e o conhecimento da produção artística = estética da humanidade, comprendendo-a histórica e culturalmente. Esses três campos conceituais estão presentes no PCN – Arte e, respectivamente, denominados produção, fruição e reflexão”.
É um trabalho a ser realizado especificamente com alunos de 1ª e 2ª séries do Ensino Fundamental, apesar de poder ser utilizado também pelas outras séries do ensino fundamental. Têm a intenção de ser direto e objetivo, voltado para a simplicidade da criança. Sabe-se que é grande a dificuldade encontrada por estas no desempenho escolar, bem como a insegurança e a falta de perspectiva na busca pelo conhecimento, afetando cada vez mais o estudante.
Neste ponto, sabemos que a auto – estima é muito importante na aprendizagem, pois Branden afirma: “Auto – estima é a disposição para experimentar a si mesmo como alguém competente para lidar com os desafios básicos da vida e ser merecedor da felicidade”.
Há muito vem se falando sobre os problemas que afetam a aprendizagem. Chega a ser preocupante quando se ouve falar tanto que toda criança deve e tem direito a estar na escola. Isto é uma verdade. Mas o que realmente preocupa é que embora as campanhas estejam sendo feitas divulgando esta idéia, o que se vê como resultado são as escolas super lotadas, enquanto a educação no Brasil continua muito aquém da expectativa.
Rogers recomenda mudar o foco do “ensino” para a “facilitação da aprendizagem”. Em outras palavras, não se preocupar tanto com que coisas o aluno precisa aprender, mas sim, com como, porque e quando aprendem, como o aluno vive e sente a aprendizagem, e quais as suas conseqüências sobre a vida dele.
Mediante essa realidade seria relevante questionar:
– Quais as causas desse nível tão baixo de leitores?
– De quem seria a falha, dos professores ou do sistema adotado?
– E a falta de interesse das crianças, unida à baixa auto-estima de onde vêm?
– Seria por parte da estrutura familiar, ou da falta de perspectiva de melhores dias?
Na tentativa de encontrar respostas para estas questões, pode se estabelecer os seguintes objetivos:
– Facilitar a comunicação levando a criança a utilizar as diferentes linguagens, combinadas as diferentes situações de comunicação e manifestação cultural demonstrando atitudes de interesse, respeito e valorizando a diversidade cultural.
– Desenvolver a competência do educando através de gestos e mímicas.
– Interessar-se pela leitura de historias dramatizadas.
– Buscar formas de lidar com artes e recreação por meio de atividades que aguçam a curiosidade.
– Desenvolver suas próprias idéias, percebendo e descobrindo sua capacidade de expressão.
– Interessar-se pela escrita de palavras e textos, mesmo que de forma não convencional.
É verdade que no decorrer de todo este trabalho, utilizou-se à etnografia como referencial metodológico. E defendeu-se em todo este também a idéia de que a escola não pode se esquecer do seguinte fato: Quando a criança chega até a escola, esta não deixa de ser criança, mas ainda gosta e se preocupa com as coisas de criança. Nesta fase o brincar é algo muito importante.
Os educadores podem e devem aproveitar este interesse das crianças pela brincadeira para despertar nelas à vontade de estudar e o prazer pela leitura. Como afirma Recnei (1993: 21) : “Os brinquedos são meios intermediários entre a realidade da vida que a criança não pode abarcar e a sua natural fragilidade. Por meio de brincadeiras e das interações lúdicas, a criança também desenvolve sua identidade tornando-se capaz não só de imitar a vida como também transforma-la e dela participar”.
Shinner (1993 : 31) confirma esta idéia por dizer: “Toda ação que produza satisfação tenderá a ser repetida e aprendida”.
Para o professor satisfazer o seu aluno, envolve muito mais que ser um professor agradável e legal, mas produz uma sensação de bem estar por saber que se seu aluno se sente motivado é porque ele fez um bom trabalho. Quando o profissional se sente competente, isto também o motiva e os resultados são imediatos no seu trabalho.
Para Schull (1959: 10): “Os professores mais eficientes são aqueles que compreendem os alunos e o processo de aprendizagem, mas esta questão leva tempo”.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COLL, César. TEBEROSHY, Ana. Aprendendo arte. Conteúdos essenciais para o ensino fundamental. São Paulo: Ática, 2000.
DORFLES, Sillo. O dever das artes. Lisboa: Martins fontes, 1987.
MARTINS, Mirian Celeste. PICOSQUE, Gisa. GUERRA, M. Terezinha Telles. Didática do ensino de arte: A língua do mundo: Poetizar, fruir e conhecer arte. São Paulo: FTD, 1998.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DA CULTURA. Parâmetros Curriculares Nacionais: Arte. Brasília: A Secretaria, 2001.
SKINNER, B. F. Ciência e comportamento humano. 2 ed. São Paulo: Eclart, 1974.