A INFLUÊNCIA DAS LETRAS DAS MÚSICAS NO OUVINTE – UM ESTUDO

Fábio Amaral da Silva Sá & Eliane Leão

 

 

 

 

 

 

RESUMO

 

O presente trabalho, visou investigar se as letras das músicas exercem uma influência sobre os ouvintes. A presente pesquisa-ação com abordagem qualitativa, delimitou como objeto de estudo a audição de três músicas do cantor e compositor Raul Seixas. Foi adotado para a análise o paradigma qualitativo, onde os elementos foram observados através de entrevistas com 52 indivíduos. Após a descrição e análise dos dados, chegou-se às seguintes conclusões: 1) As músicas influenciam se fazem sentido para o contexto sócio-cultural dos ouvintes; 2) As músicas influenciam se o sujeito ouvi-la varias vezes; 3) O nível de escolaridade influencia no entendimento do texto; 4) Alguns indivíduos ouvem a música e gostam, apesar de não apreciarem a letra.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

1. Introdução

 

                  A música está presente na vida das pessoas, sendo utilizada de diversas formas e com diferentes objetivos. Duarte e Leão (2003) Afirmam que “A música tem um importante papel de estimulador de sensações, de resgate de memória, de criar ambientes favoráveis à narrativa verbal e pode liberar a criatividade, o questionamento e a imaginação”.

                  Blanco (1996) e Cunha (1982) estudaram a importância da música como veículo de comunicação que possui uma mensagem. Para Souza “Tanto o cinema quanto o teatro e a música teriam esse papel de conscientizar as massas para transformar a estrutura vigente na sociedade brasileira” (Souza, 2002, p.14). Mas o que estamos vendo hoje, principalmente no que diz respeito à vivência cultural é a pouca valorização das riquezas que fazem parte da formação da nossa cultura, dentre elas a música.

                  “Quanto às “funções”,  a música desempenha diferentes papeis,  “ora nos rituais e cultos religiosos, ora assumindo função de formar o caráter no aluno de música, ora servindo aos propósitos militares de nações (Beyer, 1999, p. 19).

                  Nogueira nos alerta ainda que

“Essa música que está no cotidiano escolar, contudo não passa pela mesma seleção prévia por que passam os textos literários. Isto é, os cuidados que se têm quanto a escolha de autores, adequação à faixa etária, temática relevante, enfim, todos os preceitos que auxiliam a professora na escolha do livro a ser trabalhado, simplesmente inexistem em relação às produções musicais.” (Nogueira, 2001, p.191).

                 

                  Vemos que “a música é um inestimável benefício para a formação, o desenvolvimento, o equilíbrio da personalidade da criança e do adolescente” (FORQUIN, 1982, p. 69). Mas será que esses benefícios serão alcançados com qualquer tipo de música independentemente do conteúdo que ela transmite? Será que os compositores estão preocupados atualmente com o conteúdo que suas músicas transmitem ao ouvinte?

                  O pesquisador japonês Masaru Emoto diz ter constatado que pensamentos e sentimentos afetam a realidade física. A maior de suas descobertas é a influência do pensamento e das palavras na transformação das moléculas da água. Segundo ele, Mozart e Beethoven produzem belos cristais, e o rock pesado, produz cristais horríveis.

                  Este trabalho visa avançar a investigação nesse tópico: observar a influência da letra de uma música no ouvinte.

 

2. Metodologia

 

                  Depois de realizado um projeto piloto para sistematizar a metodologia, que durou 35 dias, foi adotado na pesquisa que durou 53 dias, o paradigma qualitativo onde os elementos foram observados através de entrevistas com 52 indivíduos, entre 14 e 60 anos de idade, com o grau de instrução variado. Cada entrevista durou cerca de 30 minutos, com a audição de 3 músicas do cantor e compositor RAUL SEIXAS.

                  Para cada música foram feitas 2 perguntas: 1ª) O que você acha da letra da música...? 2ª) E que sentimentos ela lhe transmite? Finalmente, uma pergunta foi feita para que o ouvinte comparasse a sua impressão das 3 músicas: 3ª) Para você, que tipo de influência a 1ª música, a 2ª e a 3ª vão ter sobre as pessoas?

                  Comparadas às respostas, chegou-se aos elementos que possibilitaram a conclusão final.

 

3. Resultados

 

                  Cada música foi analisada separadamente e em seguida, foi feita a comparação entre as respostas.

                  Chegou-se as seguintes resultados:

                  1) Na música “SOCIEDADE ALTERNATIVA” de 52 sujeitos, 22 relataram sentirem LIBERDADE; 6 sentiram vontade de FAZER O QUE QUISESSEM; 6 pararam para PENSAR e REFLETIR sobre quentões sociais e a própria vida; e 2 acharam a letra PERIGOSA; entre outras.

                  2)                  Na música “ROCK DA ARANHAS” de 52 sujeitos, 12 acharam a letra engraçada; 10 relataram NÃO SENTIR NADA ao ouvir a letra; 6 acharam o texto PORNOGRÁFICO e IMPRÓPRIO PARA CRIANÇAS; 4 sentiram ALEGRIA e HUMOR; entre outros.

                  3) Na música “TENTE OUTRA VEZ”, de 52 sujeitos, 14 sentiram ESPERANÇA; 12 VONTADE DE TENTAR DE NOVO; 11 FÉ; 8 NÃO DESISTIR e ter  PERSISTÊNCIA; 1 sentiu DEPRESSÃO, entre outros.

 

4. Conclusões

 

                  De uma análise geral concluiu-se que:

                  1)                  As músicas influenciam, se fazem sentido para o contexto sócio-cultural dos ouvintes;

                  2)                  A música influência se o sujeito ouvi-la muitas vezes;

                  3)                   O nível de escolaridade influência no entendimento do texto;

                  4)                   Os meninos de 14 e 15 anos não se inibem em usar termos de conotação sexual, ao contrário da maioria das mulheres;

1)     Alguns sujeitos ouvem a música e gostam, apesar de não apreciarem a letra.

 

                  Realizada essa pesquisa, propões-se aos professores uma maior seleção das músicas que são trabalhadas na escola e na sala de aula, não proibindo simplesmente o uso dessa ou daquela música, mas desenvolver nos alunos uma apreciação musical consciente e crítica, formando assim, não mais um ouvinte passivo, mais um indivíduo que possa fazer uma reflexão crítica de todo material que ele lê, ouvi ou assiste no seu dia a dia.

“Todo esse repertório trazido pelas crianças deveria ser explorado pelo professor, desde que este refletisse sobre os elementos constitutivos dessa música, seus significados e funções sociais, proporcionando aos alunos desenvolver uma maior compreensão e capacidade de crítica em relação ao repertório a ser ouvido”. (Souza, 2002, p. 90)

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

 

BEYER, Esther. Idéias em educação musical. Porto Alegre: Meditação, 1999. p. 19.

BLANCO, Billy. Tirando de letra e musica. Rio de Janeiro: Record, 1996.

CUNHA, Estercio Márquez. Música: mudança de atitude na sociedade atual. Revista Goiana de Artes, Goiás, v. 3, n. 2, p. 155-161, 1982.

DUARTE, Jordana Vierira & LEÂO, Eliane. O processo da audição musical – o papel da imaginação. In: 55° Reunião Anual da SBPC – Educação, Ciência e Inclusão Social. UFPE, Pernambuco. Anais, CD Rom, 2002

FORQUIN, Jean-Claude. A música. In: PORCHER, Luiz. Educação Artística: Luxo ou Necessidade? 5 ed. São Paulo: Summus editorial, 1982. p. 69.

NOGUEIRA, Monique Andries. Música, consumo e escola: reflexões possíveis e necessárias. In: OLIVEIRA, Newton Ramos de, PUCCI, Bruno & ZUIN, Antônio Álvaro Soares. Teoria crítica, estética e educação. Campinas, SP: UNIMEP, 2001. p. 191.

SOUZA, Jusamara. A influência da mídia. SOUZA, Jusamara, HENTSCHKE, Liane, OLIVEIRA, Alda de, BEN, Luciana Del & MATEIRO, Tereza. O que faz a música na escola?: Concepções e vivências de professores do ensino fundamental. Porto Alegre: Metrópole, 2002. p. 90.

SOUZA, Naum Pereira de. Tropicália: Imagens, alegorias e fragmentos da modernidade Brasileira. Faculdade de Ciências Humanas e Filosofia, Universidade Federal de Goiás, Goiás, Dissertação de Mestrado, p.14, 2002.

 

DOCUMENTOS ELETRÔNICOS

 

EMOTO, Masaru. Documento disponível em: http://www.hado.net/ acessado em 28 de junho de 2003.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Esquema de como será apresentado o Pôster

A INFLUÊNCIA DAS LETRAS DAS MÚSICAS NO OUVINTE – UM ESTUDO

Fábio Amaral da Silva Sá e Eliane Leão

Graduando em Educação Musical, Escola de Música e Artes Cênicas da Universidade Federal de Goiás;

Pós Doutora em Educação pela Purdue University/CNPq. Prof.ª do Mestrado em Música da EMAC/UFG;

Agência de fomento; PIBIC/CNPq/UFG

Goiânia – Goiás

 

Produção do Diretório de Pesquisa Criatividade, Processos Cognitivos e Interdisciplinaridade

INTRODUÇÃO

 

                  A música tem um importante papel de estimulador de sensações, de resgate de memória, de criar ambientes favoráveis à narrativa verbal e pode liberar a criatividade, o questionamento e a imaginação. ( DUARTE, J. V. e LEÃO, E., 2003.)

                  BLANCO, B., 1996 e CUNHA, E. M., 1982 estudaram a importância da música como veículo de comunicação que possui uma mensagem.

                  O pesquisador japonês  Masaru Emoto diz ter constatado que pensamentos e sentimentos afetam a realidade física. A maior de suas descobertas é a influência do pensamento e das palavras na transformação das moléculas da água. Segundo ele, Mozart e Beethoven produzem belos cristais, e o rock pesado, produz cristais horríveis.

                  Este trabalho visa avançar a investigação nesse tópico: observar a influência da letra de uma música no ouvinte.

 

METODOLOGIA

 

                  Depois de realizado um projeto piloto para sistematizar a metodologia, que durou 35 dias, foi adotado na pesquisa que durou 53 dias, o paradigma qualitativo onde os elementos foram observados através de entrevistas com 52 indivíduos, entre 14 e 60 anos de idade, com o grau de instrução variado. Cada entrevista durou cerca de 30 minutos, com a audição de 3 músicas do cantor e compositor RAUL SEIXAS.

                  Para cada música foram feitas 2 perguntas: 1ª) O que você acha da letra da música...? 2ª) E que sentimentos ela lhe transmite? Finalmente, uma pergunta foi feita para que o ouvinte comparasse a sua impressão das 3 músicas: 3ª) Para você, que tipo de influência a 1ª música, a 2ª e a 3ª vão ter sobre as pessoas?

                  Comparadas às respostas, chegou-se aos elementos que possibilitaram a conclusão final.

 

RESULTADOS

 

                  Cada música foi analisada separadamente e em seguida, foi feita a comparação entre as respostas.

                  Chegou-se as seguintes conclusões:

1)     Na música “SOCIEDADE ALTERNATIVA” de 52 sujeitos, 22 relataram sentirem LIBERDADE; 6 sentiram vontade de FAZER O QUE QUISESSEM; 6 pararam para PENSAR e REFLETIR sobre quentões sociais e a própria vida; e 2 acharam a letra PERIGOSA; entre outras.

2)     Na música “ROCK DA ARANHAS” de 52 sujeitos, 12 acharam a letra engraçada; 10 relataram NÃO SENTIR NADA ao ouvir a letra; 6 acharam o texto PORNOGRÁFICO e IMPRÓPRIO PARA CRIANÇAS; 4 sentiram ALEGRIA e HUMOR; entre outros.

3)     Na música “TENTE OUTRA VEZ”, de 52 sujeitos, 14 sentiram ESPERANÇA; 12 VONTADE DE TENTAR DE NOVO; 11 FÉ; 8 NÃO DESISTIR e ter  PERSISTÊNCIA; 1 sentiu DEPRESSÃO, entre outros.

 

 

CONCLUSÕES

 

                  De uma análise geral concluiu-se que:

 

2)     As músicas influenciam, se fazem sentido para o contexto sócio-cultural dos ouvintes;

3)     A música influência se o sujeito ouvi-la muitas vezes;

4)     O nível de escolaridade influência no entendimento do texto;

5)     Os meninos de 14 e 15 anos não se inibem em usar termos de conotação sexual, ao contrário da maioria das mulheres;

6)     Alguns sujeitos ouvem a música e gostam, apesar de não apreciarem a letra.

 

Realizada essa pesquisa, propões-se futuramente o estudo da importância da melodia na apreciação, uso e consumo de uma música.

 

Será que a parte musical é mais importante que a letra para influenciar o sujeito?

 

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