“A LITERATURA INFANTIL TRANSFORMANDO A LEITURA EM UM ATO DE PRAZER”.

*[1]Maria Aparecida Cagnoni Sant’Anna

 

 

O professor está sempre em busca de saber qual a melhor forma de obter o melhor resultado com seus alunos. Mas não há um caminho único para se chegar a esse resultado e sim idéias, pressupostos e informações teóricas que regem a prática dos professores. Assim o objetivo fundamental dos professores é fazer com que os educandos avancem em direção a um desenvolvimento intelectual cada vez mais sofisticado. Para tanto, ele deve ter a seu serviço o conhecimento e a capacidade de observação, elementos que devem andar sempre juntos no processo educativo. Alguns educadores  tem em suas teses que as crianças não têm presentes. Têm apenas futuro. Na escola, toda gente se preocupa com os anos que virão a seguir; e os alunos preparados para o futuro que lá na frente pode ser o famoso: vestibular. Mas, e o presente? Nossos educandos precisam estar preparados hoje para poder viver o amanhã. Existe um provérbio que diz:“Ensina a criança no caminho que deve andar e ainda quando for velho não se desviará dele”. (Prov. ) Baseando nestas palavras precisamos hoje motivar a criança a ter prazer na leitura e isto desde pequena, inculcar em sua mente a preciosidade que é gostar de ler, ouvir histórias, reproduzi-las, dramatizá-las, vivenciá-las.

                  Mediante a realidade de nosso país, da trajetória escolar e das pesquisas realizadas pelos nossos acadêmicos e/ou comentários em torno da disciplina Língua Portuguesa; percebemos a dificuldade dos alunos em “ter prazer na leitura” ou mesmo gostar de ler; sem ter a obrigatoriedade com a literatura.

                  Enfocando esta meta, planejamos uma pesquisa nas Escolas Municipais de Formosa, Go. com alunos do Ensino Fundamental 3ª e 4ª séries, para conhecer qual era a realidade dos alunos em relação ao: “gostar de ler”, quais os livros que já leram, etc. Partimos do princípio  do que a criança já sabe, quais as histórias mais conhecidas, eram os Contos Clássicos, oferecer modelos das histórias, vários autores; estimular a interação entre a história e o aluno (vivenciar); estruturar e organizar a atividade, criando um ambiente disciplinado.

Durante este projeto organizamos as estratégicas e ações para despertar a criatividade em trabalhar a leitura de maneira mais alegre, atraente, clara, prazerosa, fazendo com que esta disciplina passe de um “lado” (difícil) a um outro patamar, com novas perspectivas, alcançando um educando bem mais preparado para a leitura, construindo sua própria ciência. Os Contos Clássicos serão a base do “prazer da leitura”. Como diz Ítalo Calvino: “Um clássico é um livro que nunca terminou de dizer aquilo que tinha para dizer”. Todos ao lê-lo terão uma nova leitura e descobrirão novos desafios.

Ruiz diz que

A leitura amplia e integra os conhecimentos, não sobrecarrega a memória, abre os horizontes do saber, enriquece o nosso vocabulário e a facilidade de comunicação, disciplinando a mente e alargando a consciência pelo contato com formas e ângulos diferentes sob os quais o mesmo problema pode ser considerado. Quem lê constrói sua própria ciência; quem não lê memoriza elementos de um todo que não se atingiu” (ano, p. 35).

 

Temos alguns argumentos que favorece o aluno que lê e segue isto como prática na sua vida, nos seus estudos. Sua experiência com livros e/ou leitura, podemos dizer com certeza que: enriquece seu vocabulário, melhora a comunicação e a redação; clareia as idéias, facilita a aquisição de experiências, desperta a inteligência; aperfeiçoa a cultura pessoal, fornece soluções de problemas já resolvidos por outras pessoas, etc.

Jean Piaget afirma que: “Quanto mais se praticar uma ação, mais se terá experiência aprimorada”. Cabe ao educador, portanto, oferecer ao educando o objeto e mediar a descoberta de características provenientes deste objeto para que seja criada pelos alunos  hipótese, e que desta ação exista a realidade, isto é, a experiência juntamente com o entendimento.

Nosso objetivo neste projeto é despertar o interesse dos educadores, educando e demais envolvidos no processo educacional, para que a prática da leitura se torne mais prazerosa e, sobretudo, um estudo de qualidade onde se é alcançado o verdadeiro “saber”.Assim poderemos oferecer alternativas de trabalhos pedagógicos, integrando os conhecimentos, facilitando a comunicação, enriquecendo o vocabulário, disciplinado a mente e etc, sempre obtendo uma nova descoberta.

 

Calvino completa: 

“... os clássicos são livros que, quanto mais pensamos conhecer por ouvir dizer, mais se revelam novos, inesperados, inéditos, quando são lidos de fato.Para alguns é necessário que algo aconteça no conto – nele precisa haver ação. Assim o conto é o que traduz uma mudança, de Carter moral, de atitudes, ou de destino das personagens, e que provoca uma realização do leitor, através destas mudanças; é a teoria de Theodore ªStroud. P.49-50 (Teoria do Conto) Nádia B. Gotlib.

 

Quando os educando são incentivados e motivados a lerem mais e a ter prazer na leitura, suas experiências poderão abrir os horizontes do saber e serão aprimoradas. Assim o trabalho proposto foi com o cotidiano do aluno, valorizando suas experiências adquiridas fora do ambiente escolar também, motivando-os a leitura dos Contos Clássicos. Pois, diante da pesquisa realizada (questionário), com os alunos do Ensino Fundamental, eles revelaram não sentirem muita motivação para leitura. Foi aí a estratégia usada de se trabalhar com Contos Clássicos em forma de dramatizações das alunas do 3º ano de Pedagogia, levando a eles uma idéia geral, alegre, descontraída, interessante de uma história já conhecida, mas, que poderia ser trabalhada novamente com outra motivação. Além das acadêmicas trabalharem as peças teatrais, usaram também as novas tecnologias no programa do Power Point (slaides) tirando uma Lição de Moral ou um novo desafio que cada história poderia proporcionar.

Como diz Ana Maria (p.21) o que um bom livro traz: “o prazer de decifração, de exploração daquilo que é tão novo que parece difícil e, por isso mesmo, oferece obstáculos e atrai com intensidade; se permitir ser conquistado por aquelas palavras e idéias, tentando ao mesmo tempo conquistar e vencer as dificuldades da leitura. É o que o crítico Harold Blom (autor do excelente Como e Por que Ler) chama de “... a busca do prazer difícil e classifica de sublime. Algo tão forte que hoje em dia cada vez se fala mais na leitura como atividade, não apenas como um recebimento ou consumo passivo. Essa atividade é feita da busca de um prazer sempre crescente, num patamar cada vez mais alto, lentamente construído com delicadeza, sensibilidade e empenho. Instala-se, entre leitor e texto, uma troca interativa, num jogo sedutor.”

Para os educandos a idéia de dramatizar cada conto clássico, motiva-os pelo fato que a mídia está dentro de cada lar, através de novelas, filmes, seriados, etc onde eles a cada dia contemplam com horas imensas na frente de uma TV. Assim poderão também ter o seu papel de “artistas”; o que para isto teriam que ler, ler e ler muito para cada cena interpretada.

Concluímos “que os clássicos são livros que exercem uma influência particular quando se impõe como inesquecíveis e também quando se ocultam nas obras da memória, mimetizando-se como inconsciente coletivo ou individual”.

 Como disse Raquel de Queiroz: “um livro é um parto...” creio que é algo que mais se almeja uma mãe e que não tem alegria maior ao concluí-lo. Para o alemão[2] * Bertold Brecht “o teatro era um meio de formar o pensamento crítico e levar as pessoas a participar mais conscientemente da sociedade. Ter prazer de ler e poder vivenciar os contos lidos será uma experiência brilhante para o educando que jamais esquecerá tal ensinamento”.

Apresentação.ppt

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[1] *Professora do 3º ano de Pedagogia – Literatura Infanto Juvenil e Coordenadora do Curso Regular de Pedagogia -UEG – Formosa -GO.

[2] Bertold Brecht (1898 –1956 alemão) é mais conhecido por haver revolucionado a concepção dominante de teatro que por seus poemas.