AUTONOMIA COMO PROTAGONISTA NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Fabiana Alzira Ramos

Professora do Departamento de Educação Física UEG/ESEFFEGO

Secretaria de Educação Estadual/SUEF – Equipe de formação de professores

 

 

O desejo de construção deste trabalho floriu a partir da relação que estabelecemos com a escola em seu cotidiano. A sua dinamicidade nos trás diferentes sensações, dentre elas o desejo de  mudança, a de impotência, a falta de liberdades com algumas questões, angústias, dificuldades, limites, mas, principalmente, a  esperança em um mundo melhor, em uma educação melhor, e um sujeito melhor.

  Discutir como a Educação Física é contemplada no o projeto político-pedagógico  da escola e compreender se esta contribui para a  autonomia dos alunos, nos remetia à responder questões que se encontra na maioria das vezes solta nas escolas sem respostas, mais principalmente sem perguntas.

Na posição de professora de escola pública não foi possível vivenciar tantas mudanças dentro da escola  e se posicionar no silêncio. A  questão da liberdade dos  sujeitos, ou melhor, da autonomia dos agentes educacionais em especial dos professores me instigava muito. Nesse sentido nos colocamos diante do problema  a fim de, se não solucionar, pelo menos contribuir nessa discussão.

O encontro de dois assuntos extremamente relevantes para a educação: Projeto político-pedagógico e autonomia, não foram por acaso. Foi um encontro planejado, arranjado, por alguns cupidos da educação que compreendiam essa relação como um possível casamento bem sucedido.

 A discussão da autonomia na educação é um assunto que esta em ebulição, porque a autonomia, além de ser regulamentada por lei (na atual LDB nº 9.493/96), é também uma conquista adquirida através de muitos anos de luta da categoria dos professores. Garantir autonomia na construção dos projetos das escolas foi exatamente efetivar a conquista almejada, pois acreditamos como Snyders (1977)  e outros que a autonomia não é dada, é conquistada. Este autor nos fala que “conquistar (a autonomia) incessamente (...) é muito menos um dado a constatar do que uma conquista a realizar” (1977, p.109, parênteses nossos).

Para Snyders, a autonomia é relativa, isto é, tem que ser mantida pelas lutas constantes, ela só pode se tornar realidade se participar no conjunto das lutas das classes exploradas. (idem, ibidem).

Na realidade brasileira o interesse por essa temática de projetos educacionais democráticos e autonomia escolar é recente e mais recente ainda e considerar como a Educação Física esta  inserida nela. Essa discussão  se torna necessária para consolidar algumas gestões democráticas de governos nessas duas últimas décadas como em Porto alegre, em Brasília e em outros Estados e cidades brasileiras. Além dessas duas categorias elencadas, outras também foram colocadas em pauta, como: gestão participativa, cidadania e democratização da escola, valendo-se ressaltar que estas últimas não serão objeto do presente estudo.

 Por entender que a escola não é uma célula separada do restante da sociedade, acreditamos que analisar a escola pública de Goiás e a interferência da universidades como uma possibilidade de dialogo, seria algo que contribuiria na nossa pesquisa mais principalmente na nossa prática pedagógica nos estágios supervisionados. 

Diante de todas essas questões estabelecidas identificamos como problemática da nossa pesquisa: Qual o trato dado à autonomia nas aulas de Educação Física na escola e do sujeito no projeto político-pedagógico  nas  Escola Públicas.

Partindo desses elementos constitutivos do trabalho optamos pelo tipo de pesquisa a ser desenvolvida, uma pesquisa qualitativa do tipo estudo de caso: Segundo Triviños é uma categoria de pesquisa cujo objetivo é uma unidade que se analisa profundamente. (1987, p. 133).

Escolhemos como orientação filosófica e metodológica o materialismo dialético que, segundo Trivinõs (1987)

 

apóia-se na ciência para configurar sua concepção do mundo. Resumidamente, podemos dizer que o materialismo dialético reconhece como essência do mundo a matéria que, de acordo com as leis do movimento, se transforma, que a matéria é anterior à consciência e que a realidade objetiva e suas leis são cognoscíveis. Estas idéias básicas caracterizam, essencialmente, o materialismo dialético.(p.22)

 

A nossa  pesquisa busca compreender quais as relações subjacentes no interior das escolas a partir da problemática levantada na pesquisa utilizando como categorias centrais de analise  o Projeto político-pedagógico, a Educação Física e a autonomia.

As questões levantadas no trabalho são: como se dá a relação de construção do P.P.P. na escola? Qual é a sua influência na organização do trabalho pedagógico? Qual é a importância de se ter autonomia na unidade escolar? Para que serve a autonomia do sujeito na escola?  E principalmente,  qual o trato dado  à autonomia nas aulas de Educação Física,  e como o projeto político-pedagógico  interfere na construção do  sujeito.

É proposta deste labor, desenvolver a pesquisa em uma escola da rede Estadual na cidade de Goiânia especificamente em uma escola escolhida pela Universidade Estadual de Goiás como um dos  pólos para a aplicação dos estágios supervisionados.

Como técnica de coleta de dados adotamos apenas revisão de literatura e análise documental.

A análise documental  partiu do questionamento central, fundamentada em teorias e hipóteses que interessam à pesquisa. Dessa forma a análise documental  será feita na tentativa de buscar apreender nos documentos analisados, as  concepções subjacentes dos agentes educacionais, tais como: de sociedade, de homem, de trabalho, de educação e de aprendizagem, e, principalmente, de autonomia e de Educação Física, destacando que estas concepções não serão tomadas como expressão do real, mas através das análises encontraremos, as relações destas com a realidade concreta.

Foram feitas as revisões de literaturas das produções teóricas a respeito do projeto político-pedagógico e autonomia.

Faz- se necessário ainda, nesta introdução, que se explique por que a pesquisa foi realizada segundo os moldes da modalidade de um estudo de caso. A definição deste tipo de abordagem se deu pela identificação das características dos problemas estudado e pela verificação das indicações metodológicas desta modalidade de pesquisa.

Dentre as especificações metodológicas que caracterizam o estudo de caso,  podemos citar o fato desta modalidade de pesquisa visar a identificação de novos elementos no objeto de estudo, partindo de alguns pressupostos teóricos iniciais mas estando porém aberta ao surgimento de novos elementos no decorrer da pesquisa, que poderão redimensionar  o próprio objeto de estudo.( Oliveira,2000; p. 20: apud André e Ludke, 1986; p. 18)

 

O estudo de caso procura representar os mais diversos, pontos de vista presente no caso pesquisado,dando ao usuário da pesquisa a possibilidade de refletir sobre as considerações feitas com um tempo para elaborar suas conclusões.

Objetivamos discutir as  categorias de análise escolhidas, e a partir daí estabelecemos, as relações construída dessas na escola. 

 Tentamos fazer neste labor uma  relação entre a sociedade, a escola, a Educação Física e o seu   PPP e  como esse projeto abordava a construção e a efetivação da autonomia dos alunos.

Na conclusão podemos identificar que a escola consegue avançar em muitos pontos no processo de construção teórico e prático do seu PPP, mas o limite continua presente. Um elemento em destaque na análise desta escola é que os indicativos das intenções e concepções dos agentes educacionais apontam para uma construção de escola democrática e algumas possibilidades de autonomia do sujeito.

 

BIBLIOGRAFIA

FREITAS, Luis Carlos de. Crítica da organização do trabalho pedagógico e da didática – Campinas,SP: Papirus,1995.

GADOTTI, Moacir. Organização do Trabalho na Escola: Alguns pressupostos - São Paulo,SP: Editora Ática,1994.

                , Moacir.Pedagogia da Práxis -São Paulo, SP: Cortez,1995.

                , Moacir. Educação e Poder: Introdução à Pedagogia do conflito, São Paulo-SP: Cortez, 1998.

OLIVEIRA, Jean Jones Freire Viana de. O projeto político-Pedagógico do CEPAE: limites e possibilidades na construção da cidadania. Dissertação de mestrado. Goiana – Go. 2000.

SILVA, Jair Militão da. Autonomia da Escola Pública: A re-humanização da escola. Campinas-SP: Papirus,1996.

VEIGA, Ilma Passos Alencastro (Org.). Projeto político-pedagógico da escola: Uma construção possível. 3 ed.,Campinas-SP: Papirus,1997.

            , Ilma Passos Alencastro (Org.). Escola: Espaço do Projeto político-pedagógico. Campinas-SP: Papirus,1998.  

 Apresentação.ppt

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